Juju

Ao meu filho, com beijo e pássaros

Juliana, em torno de meados do século XX, procurava um tamanco pela casa dos avós.
Não encontrando o tamanco, deu de cara com um caboclo assiiiiim de tamaaaaanho óh!
Teve quase um treco, mas se conteve na interjeição seguida de mãos na bochecha e boca aberta.
Gritou AAAAH e correu.  Até que quem pudesse ver quase acreditava mesmo que ela corria e gritava ao mesmo tempo, mas não nos enganemos. O grito vinha da boca, e os passos quem dão são os pés. No intervalo de um passo tinha um AH; no intervalo de um AH, tinha um pé.
Juliana não sabia que revezava gritos e passos. E o caboclo contou um, dois, três e falou:

- Menina Juliana, seu tamanco está na geladeira, e a gelatinha está na sapataria. Acontece que você foi pegar o doce e esqueceu o tamanco e, esquecido o tamanco, levou a gelatina para o conserto.

A menina cessou o grito, conteve um passo, deu uma voltinha e olhou de onde partira:

- Cadê a casa da vovó?!

Juju ainda não sabia, mas estava destinada a morar para sempre... na sua Fantasia!
E seus avós?
Ainda estavam lá, no século XX, procurando a Juju na cozinha.

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