"Do amor e outros demônios", Gabriel García Márquez

Ela lhe perguntou num daqueles dias se era verdade, como diziam as canções, que o amor tudo podia.
- É verdade - respondeu ele -, mas será melhor não acreditares.

Gabriel García Márquez é um desses autores que despertam na gente vontade de correr pruma papelaria e comprar o melhor kit de canetas coloridas que lá tiver. E isso só para poder transcrever trechos do autor num caderno bonito de forma mais especial do que as demais citações. Um cappuccino ao chantilly também é um bom amigo das canetas coloridas junto a um amor ao final do dia para a gente ligar e dizer "Tem um trecho aqui que eu quero ler para você".

É mágico!

Suas palavras mesmo descrevendo o real não conseguem se desgrudar do fantástico, e para pessoas como eu, que não conseguem viver demasiadamente a realidade nem viver para sempre em sonhos, suas palavras preenchem espaços na alma. Encaixam-se direitinho no lugar do que não está mais ali ou no lugar reservado para as lanternas que iluminarão nossos caminhos pela vida inteira.

Antes de terminar "O amor nos tempos do cólera", meu pai já havia notada a minha empolgação com as ideias do escritor e trouxera aqui pra mim "Do amor e outros demônios". E foi um demônio ter um livro novo, com cheiro de novo, com capa de novo, com jeito todo de novo do mesmo autor por quem eu estava me apaixonando enquanto lia outra obra sua numas páginas mais amarelas. Eu queria ler logo o novo e ao mesmo tempo queria reler os parágrafos do livro que já estava lendo.


Terminado um, no mesmo dia comecei o outro. Devorei "Do amor e outros demônios" em uma semana. E não por motivos de leitura fácil, porque García Márquez por vezes é denso em suas reflexões e vocabulário, mas por vontade de nunca mais me desgrudar de suas palavras.

Levei o livro pro mercado para lê-lo enquanto minha mãe fazia compras. Levei pra sala aqui de casa a fim de lê-lo nos intervalos da novela. Levei pro shopping e li mais um tanto enquanto meu irmão experimentava todas as roupas da loja. Levei à delegacia por motivos óbvios. E terminei sua última frase na cozinha no exato momento em que o leite fervia. Provavelmente meus amigos do Facebook e meus seguidores no Twitter não aguentavam mais todas as citações do autor que eu ia botando nesses lugares assim que ia me tornando perplexa com a leitura.

A história da menina com metros de cabelo e mordida por um cão raivoso é mais do que uma história lúdica. É antes uma baita de uma reflexão sobre o amor e seus demônios, com um fundo de criticidade muito bem elaborado às instituições religiosas e a seus membros. E não importa quanto tempo a gente se demore em lê-la.  Demorar para ler as histórias de García Márquez faz parte de uma leitura proveitosa.

Demorem-se muito para ler essa obra. Ela é daquelas que a gente nunca mais quer parar de ler.

p.s.: A minha amiga Lélia Campos também escreveu sobre o livro no blog dela.

Comentários

Dayana Parreira. disse…
Eu amei o livro. Sou uma grande fã do autor, e entrei em extase. Vou começar Crônica de uma morte anunciada nesse momento. Preciso de mais disso. AGORA!

Sua descrição sobre a leitura está perfeita!

:D

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