Sobre o amor - parte 1

Talvez o amor esteja aqui:

Acabavam de celebrar as bodas de ouro matrimoniais, e não sabiam viver um instante sequer um sem o outro, ou sem pensar um no outro, e o sabiam cada vez menos à medida que recrudescia a velhice. Nem ele nem ela podiam dizer se essa servidão recíproca se fundava no amor ou na comodidade, mas nunca se haviam feito a pergunta com a mão no peito, porque ambos tinham sempre prefirido ignorar a resposta. Tinha ido descobrindo aos poucos a insegurança dos passos do marido, seus transtornos de humor, as fissuras de sua memória, seu costume recente de soluçar durante o sono, mas não os identificou como sinais inequívocos do óxido final e sim como uma volta feliz à infância. Por isso não o tratava como a um ancião difícil e sim como um menino senil, e esse engano foi providencial para ambos porque os pôs a salvo da compaixão. ("O amor nos tempos do cólera", Gabriel García Márquez)

Comentários

Felipe Rossi disse…
gostei do trecho :)
será que vou ficar assim? XD kkkkk
talvez...
Stive Ferreira disse…
Comecei lendo achando que era um texto seu, mas não era...
Preciso ler este livro, volta e meia ouço alguém falar sobre ele (e este trecho é muito bonito).

PS: Parabéns atrasado pela Fuvest ;-)

Beijos.
fê, que doçura isso.
vou procurar o livro pq sei q vou gostar muito.
sabe, ando muito triste com meu amor qur foi embora, entao ando chorando com qualquer coisa que fale de amor bonito assim.
Beijos fê...como ta o bebê?
Ravi Barros disse…
Definir onde há e não há amor é uma tarefa tão complexa, quero chegar à velhice de uma forma boa, da melhor forma possível, quero felicidade ao lado de quem amo, e temo não conseguir chegar até lá...

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