As consequências da Lua

O que eu iria fazer agora que descobrira ser o peso da Lua o responsável pelas estações do ano? Como eu poderia dizer a ele que a Primavera é Primavera porque a Lua quer que seja Primavera e não porque eu quero encher a casa de jasmim para quando ele chegar com mais jasmim? E de que jeito explicaria eu a ele que a água no jarro, fresca e limpa, vinda dos riachos e lagos de todo o planeta, é líquida também por causa da Lua e de sua massa, que estabiliza a inclinação do eixo da Terra? Quão assustado ele ficaria quando descobrisse que não sou eu quem mata a sede dele durante a noite, mas sim... a Lua! E como eu poderia revelar tudo isso a ele justo hoje, quando a Lua não está aqui para testemunhar que eu não minto para ele sobre ela, nem para ela sobre ele? De que forma menos dolorosa eu dir-lhe-ia as consequências da existência do satélite se não fosse contando-lhe a verdade? Que fui eu quem colocou a Lua lá naquele buraco do céu.

Comentários

Stive Ferreira disse…
Tô sentindo um certo romantismo por aqui ultimamente... :-)
Feels nice!

Beijos.
Anônimo disse…
Você está muito romântica! Por acaso, você já anda recitando Florbela Espanca? rsrs...
Beijos!
Anônimo disse…
Assim como a maré, que revolta e depois acalma, agora estou a notar que o amor intensifica e depois mucha. E quando menos se espera, intensifica novamente. Culpa da Lua por se casar com o mar?
Fermina Daza disse…
Ah, gente, eu sou romântica...É que às vezes guardo o romantismo, às vezes solto, às vezes pratico...rsrs
Eduardo Alvarado disse…
De cá ele pendia a razão, pensava e pesava se deveria contar a ela o que descobrira. Um segredo íntimo que negava ao mais fundo sentimento tal intimidade revelar. Guardava-se o direito do silêncio. Silêncio feito prece, feito uma nesga de lucidez do que estava estampado no céu e ninguém vira. Rarefeito o ar que tragava buscando inspiração à razão e esvaziava o peito sem ter decidido o que fazer. Se nem São Jorge, nem Dragão, nem Orixá reclamara autoria do mistério, seria certo eu proclamá-lo? Além do mais quão assustada ela ficaria quando descobrisse que não era ela quem mata minha a sede durante a noite, mas a Lua? E depois disto posto, como entregar-lhe o fardo de afirmar que fora ela que colocara a Lua naquele buraco no céu e que a sustenta com o sorriso que leva na face bonita? Que a lua é cheia numa risada solta e que mingua quando se permite a umas lágrimas? Que em meu posto observo as fases da Lua quando fazes charme e assume nua, todas as consequências da Lua.

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