Entre o bom, o ruim e o necessário

As coisas não andam bem pro meu lado. Não que eu não tenha feito tudo de que gosto, mas é justamente fazer o que gosto que anda me atrapaiando (eu gosto de parecer caipira às vezes, apesar de não ser tão engraçadinha na crônica quanto ao vivo).

Vejam vocês que nos últimos dias - ou meses, sei lá, isso não importa, pensem num curto período de tempo e finjam que eu não usei esse clichê - eu tenho feito todas as minhas vontades.

Passei lá na livraria e fiz o mocinho revirar o estoque atrás deste livrinho aqui ó (As melhores crônicas de Fernando Sabino) e entendi o porquê do sugestivo nome do cara. Sabino sabe tudo de crônica e de vida, não necessariamente nessa ordem.

A cada crônica lida, eu sorria um choro de lamento..."Como ele pode ser tão bom?". Ah! Claro que todos aqueles fulanos que eu considerava bons em crônicas caíram no meu conceito. "É, eles não são tão bons como eu pensava".

E cheguei à seguinte teoria da senhora Saramago (obviamente casada com aquele fulano que o Marcelo Tas chamou de medíocre no blog dele, José Saramago): a gente só conhece o ruim quando experimenta o bom.

A senhora Saramago me fez chegar à citada conclusão, quando, perguntada por um repórter do CQC sobre o motivo de Paulo Coelho vender mais livros que seu marido, sem hesitar respondeu: - Pelo mesmo motivo que as pessoas assistem ao seu programa!

Olha só como a teoria é boa, apesar de eu não conhecer nada melhor do que o botão off em relação a tudo que passa na televisão hoje em dia.

O fato é que gostar de Fernanda Sabino, Saramago e do botão off do controle remoto é ruim.

Explico.

Imaginem a minha alegria ao chegar em casa com o livrinho novo de Sabino e a leitura da primeira crônica já feita no carro com meu namorado, e receber a seguinte notícia pelo MSN: Fê, saiu o edital do concurso para professor, essa aqui é a bibliografia. E desce aquela lista enorme parecida com nota fiscal de compra do mês.

Pouts. São trocentos livros e artigos e artigos e livros pra ler até dia 25 de outubro e a boa notícia é que...é, não tem boa notícia. Vou ter que ler tudo mesmo.

Neste caso o jeito é esticar as mangas e estudar tudo aquilo sem reclamar. E foi o que comecei a fazer e o que deveria estar fazendo em vez de estar aqui escrevendo esta crônica.

Agora, é justo comigo, após ler uma cronicazinha só do senhor sabido Sabino, ter que encarar uma avalanche de textos teóricos repletos de títulos do tipo "Como criar em sala de aula", "O texto na sala de aula", "Eu, você e todos nós na sala de aula"? (Esse último eu o inventei, assumo).

É justo comigo?

Ok. Eu sei que é necessário, importante e que ninguém mais que eu gosta tanto de salas de aula. Mas Sabino não vai cair na prova e é exatamente nesse ponto que fazer o que eu gosto me atrapalha.

Meu namorado não vai cair na prova.

As bolachas Cookies também não cairão.

O porquê do meu vício no Twitter também não cairá.

As três únicas notas musicais que acabei de aprender no violão não estão nem na biografia para os professores de Artes.

As músicas do Roupa Nova também não constam nos estudos de versos, rimas, poesia...

O que me resta é entender que a vida é assim mesmo e que devo tentar resistir a tudo isso (menos ao gato e às bolachas Cookies, que são irresistíveis) em prol do meu sonho de criança de mudar o mundo.

E não me venham com aquele papinho de "antes de mudar o mundo, comece por você". Se eu fizer isso mais uma vez, vai restar-me a opção de escolher um puta escritor e dedicar-me a vida toda para comprovar que ele é medíocre. Quem sabe assim eu faço o que não gosto e ganho dinheiro (ou ibope) com isso como tanta gente faz por aí...

Comentários

Anônimo disse…
ADOROOOOOOOOO Cookies!
Vício total.
Também gosto do Sabino.
E bons estudos pra vc, menina!
Stive Ferreira disse…
Olá moça!

Primeiro, deixe-me agradecer pelo seu comentário em meu post. Sabe como é, massagens no ego são sempre bem vindas, hehehe... Mas, pode parar com essa história de parar de escrever que você escreve muito bem, você sabe disso. A questão é que a gente tem sempre essa tendência a acreditar que a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa. Mas, no frigir dos ovos, todas as gramas são verdes; existem, é verdade, diferenças de tonalidades, mas não existe grama vermelha ou marrom...

Agora o seu post: Não gosto muito deste marcelo taz e agora que soube dessa crítica dele contra Saramago, passo a gostar menos ainda. Até entendo que existam pessoas que não apreciem a literatura de Saramago, mas chamá-lo de medíocre é um absurdo.

Considero José Saramago uma literatura de díficil compreensão e assimilação. Paragráfos muito longos e gramática portuguesa. A primeira vez que o li levei um choque, mas depois do susto inicial passei a apreciar (e muito) essa iguaria da literatura internacional.

Jamais recomendaria Saramago para quem está acostumado a ler Paulo Coelho. Seria o mesmo que tentar convercer alguém que está acostumado a preparar um miojo em cinco minutos para o almoço a passar de três a quatro horas em uma cozinha realmente preparando o seu próprio almoço. A pessoa se questionaria: Por que eu perderia quatro horas se eu posso fazer a mesma coisa em cinco minutos? Mas, o que os apreciadores de miojo ainda não sabem é que aquilo que se faz em cinco minutos não se compara nem de longe ao que se faz em algumas horas.

Gastronomicamente falando: Paulo Coelho é comida fast-food, qualquer um assimila e compreende e sente-se satisfeito consigo mesmo e com a comida propriamente dita. José Saramago é comida caseira, preparada sem pressa, de cardápios definidos com antecedência e de acordo com a sazonalidade dos ingredientes. Cada colherada é uma explosão de sabores que lhe traz a certeza de que a intenção do cozinheiro era muito maior do que simplesmente saciar a sua fome. Pode causar estranheza a paladares desacostumados a sentir o verdadeiro sabor dos alimentos.

Acho que é isto, deixe-me parar por aqui que isso tá quase virando um post...

Beijos
Fermina Daza disse…
O comentário do Stive ficou melhor que meu post inteiro!

Não deixem de ler.
ANIMAÇÕES disse…
Realmente. Saramago é pra se degustar..
Já Paulo Coelho é de dar indigestão...
uma pena que no brasil exista esta inversão de valores...
Eguinha Pocotó é mais escutada que EU TE AMO de Chico Buarque..
e viva o Brasil..

Ah nunca deixe de nos brindar com seus textos..
bjs
Anônimo disse…
Menina sumida.
Vim desejar boa semana e deixar um beijo.
Volta logo!

Beijão!


PS: Estou te seguindo no Twitter.

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